12 de abril de 2012

Eu e os Contos de Fadas

Era uma vez...
Até onde minha consciência me permite ir, não lembro de ter crescido traumatizada com contos de fadas. Muito pelo contrário, adorava-os! Assistia repetidas vezes em todos os canais que passassem. Só não curtia muito aqueles ‘disquinhos’ coloridos porque eu odiava a voz do narrador.

'Depois de grande' foi que passei a refletir sobre os tais contos e a me perguntar até que ponto eles influenciam nossa vida adulta. Na vida dos meninos eu não sei até onde iria esta influência. Mas na vida das meninas é deprimente!

O que aprendi com os contos de fadas? A primeira coisa que me vem à mente é: não desobedecer! A Chapeuzinho Vermelho desobedeceu a mãe e por pouco não se deu muito mal!  Ainda no conto da Chapeuzinho Vermelho aprendi a ter medo de lobos! Tem o que te ensina a não mentir, o que ensina a não aceitar coisas de estranhos, o que ensina que só as casas de alvenaria é que são resistentes (lembram dos três porquinhos??). E mais uma vez aprendi a ter medo de lobos! Juro que se encontro com um, morro antes dele dizer que é a vovozinha!


Aí vem as princesas, ah... as princesas! Aprendi que toda madrasta é má! Mas será mesmo? É quando minhas recordações chegam às princesas que o drama aumenta! Somos, incontestavelmente (opinião minha), influenciadas por estes contos! Cremos que o mundo é cor de rosa, e que se algo não vai bem, deve ser porque alguma bruxa ordinária nos jogou alguma praga. Nunca vamos mal por culpa nossa, não é?! Temos ainda o ‘príncipe encantado’, que tanto nos angustia. Nós, as princesas, estamos sempre em busca do cara perfeito, de corpo escultural, voz forte, bem sucedido (príncipe), que venha em um meio de transporte (Cavalo branco não significa um bicicleta, tá?! É só ler nas entrelinhas) para nos salvar da praga da bruxa ordinária! E aqui temos mais um drama! E se o príncipe não aparecer? E se não for ‘príncipe’(como o dos contos)? Dormirei para sempre? E é por isso que nós, as princesas, vivemos em função de encontrar estes príncipes. Caso contrário, dormiremos o sono eterno! Trágico, não?! Mas é o que ensinam os contos! 

O "felizes para sempre" se resume ao ato do casamento! E a vida conjugal? Os contos não nos ensinam! E é graças a isso que as gatas borralheiras se desdobram para estarem princesas, mesmo depois de um dia exaustivo de trabalho, para seus companheiros. Seriam eles felizes para sempre caso o príncipe tivesse visto a pobre Cinderela antes do up grade que sua fada madrinha lhe deu?

Cresci ouvindo e vendo os contos de fadas, mas não fui educada para ser princesa. Não no que diz respeito aos bons modos, não sou uma mestre em etiqueta, mas como diz minha amada mãe, “sei chegar bem e sair bem de qualquer lugar”! Também, desde pequena, aprendi a fazer as tarefas mais delicadas, mas aprendi a lidar com algumas mais pesadas também. Meu pai não teve filho homem, mas isso não foi motivo para que não tivesse o auxílio das filhas quando precisasse. Me diverti e ainda me divirto sendo servente do meu pai metido a pedreiro. Acho que esta reflexão se deve a isto, a este conflito que estas contradições geram em minha cabeça mega agitada. Obviamente que espero encontrar alguém que faça os meus dias e noites ficarem ainda melhores, mas passei a minha vida inteira ouvindo meus pais dizendo: “Estude! A sabedoria é o melhor casamento!”. E isso ficou marcado em mim, a ponto de trocar qualquer relacionamento amoroso por uma dedicação quase que exclusiva à minha formação acadêmica! E sou honesta em dizer que não me arrependo! Senti falta em alguns momentos, mas mantive o foco. Afinal, energia bem canalizada é energia bem aproveitada, não é assim Freud?!

Mas agora que conclui minha formação (sem deixar de me atualizar, claro), como fico? Será hora de buscar o tal príncipe? Ou faço como nos contos, me finjo de morta e espero que ele me encontre? O fato é que os contos têm poder sobre nossa vida adulta (salvo alguns casos), e não nos daremos por satisfeitas até que tenhamos o nosso final feliz.




FIM

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