25 de abril de 2012

Falam por mim...


Borboletas

Luciana Mello

Borboletas são tão belas o que seria delas
Se não pudessem voar?
O céu e as estrelas não poderiam vê-las passar
Lá fora eu vejo um mundo
E sinto lá no fundo
Que aqui não é o meu lugar
Eu sou pequenininha e fico aqui sozinha a sonhar
O meu coração me diz
Que um dia ainda vou ser feliz
Voar para bem longe como eu sempre quis
Um dia eu tive a chance de ter ao meu alcance
O que fez transformar
Sonho em realidade, escuridão em brilho no olhar
Eu vi que na verdade
A dor um dia pode ter fim
Achei a liberdade, ela tava dentro de mim
O meu coração me diz
Agora eu já sou feliz
Voei para bem longe como eu sempre quis

19 de abril de 2012

E o amor entrou em colapso!



Enquanto não nos sentirmos responsáveis pelo caos que se instalou e cada dia toma proporções ainda maiores, nada mudará! Pois as pequenas melhoras, conquistadas por poucos, são engolidas por uma tragédia anunciada. Esta noite ouvi tiros semelhantes aos que ouvi há alguns anos atrás e que acreditei que não ouviria nunca mais (pelo menos era o meu desejo). Felizmente os tiros que ouvi hoje não causaram a tragédia que os anteriores causaram. 

Mas me fizeram refletir quanto ao valor de uma vida. Esta semana vi uma campanha pelo tratamento de saúde de um professor de psicologia. No material que divulga a campanha uma pergunta: quanto vale uma vida? Em uma linda utopia, se diria: dinheiro nenhum! Você certamente diria isso sobre um parente seu, pai, mãe, irmão ou irmã, família! Mas, e pela vida do outro? Quanto vale a vida do teu vizinho? Do índio? Do negro? Do judeu? Do mendigo? E de tantas outras vítimas de nosso preconceito BURRO??? Me deem uma explicação aceitável e coerente que justifique o absurdo de a vida de um mendigo não ter o mesmo valor que a sua vida!

Adoeço, me aborreço, me incomodo, me indigno e me envergonho de todas as vezes que banalizamos vidas! Independente de que vida for! Que sujeito sou eu, que me revolto com um cachorro que apanha de seu dono e dou gargalhadas de tiros que escuto? E não me venha com o discurso do “rir pra não chorar”! O meu riso diminui a culpa de quem comete o ato criminoso, pois me torna cúmplice! 

Acredito na bondade das pessoas, digo isso, repito e dificilmente mudarei minha opinião. A questão é que tudo já se banalizou de tal maneira que deixa a situação irreversível. E como disse, um ato de bondade, por mais grandioso que seja, perde visibilidade diante de tanta falta de amor! Agora mesmo me veio à memória o mandamento que diz: “Ama teu próximo como a ti mesmo”. Penso que a questão é justamente essa, o amor próprio foi perdido, as pessoas deixaram de acreditar em si, em seus potenciais. As pessoas estão deixando de amarem a si mesmas, perderam o respeito a si próprio. Se eu não tenho amor por mim, como terei pelo outro? Se eu não respeito a minha vida, certamente não respeitarei a do outro. E engana-se quem pensa que pensar somente em si é o mesmo que amor próprio! Pensamentos assim, fizeram com que a lei do aborto de anencéfalos fosse aprovada! Quem é você, que tem a audácia de achar que aquele ser, mesmo que com chance nenhuma de sobrevivência, tem menos valor? Ouvi a seguinte justificativa: “mas você precisa ver o sofrimento desta mãe. A criança, ao nascer, tem o aspecto de um monstro!”. Monstro seria eu ao, tendo a chance de escolher, decidir pelo fim da vida de quem quer que seja! É como sentenciar uma pena de morte. E aguardemos, esta será a próxima lei que banaliza vidas a ser aprovada, neste caos instalado a que assistimos de braços cruzados (e rindo).

12 de abril de 2012

Eu e os Contos de Fadas

Era uma vez...
Até onde minha consciência me permite ir, não lembro de ter crescido traumatizada com contos de fadas. Muito pelo contrário, adorava-os! Assistia repetidas vezes em todos os canais que passassem. Só não curtia muito aqueles ‘disquinhos’ coloridos porque eu odiava a voz do narrador.

'Depois de grande' foi que passei a refletir sobre os tais contos e a me perguntar até que ponto eles influenciam nossa vida adulta. Na vida dos meninos eu não sei até onde iria esta influência. Mas na vida das meninas é deprimente!

O que aprendi com os contos de fadas? A primeira coisa que me vem à mente é: não desobedecer! A Chapeuzinho Vermelho desobedeceu a mãe e por pouco não se deu muito mal!  Ainda no conto da Chapeuzinho Vermelho aprendi a ter medo de lobos! Tem o que te ensina a não mentir, o que ensina a não aceitar coisas de estranhos, o que ensina que só as casas de alvenaria é que são resistentes (lembram dos três porquinhos??). E mais uma vez aprendi a ter medo de lobos! Juro que se encontro com um, morro antes dele dizer que é a vovozinha!


Aí vem as princesas, ah... as princesas! Aprendi que toda madrasta é má! Mas será mesmo? É quando minhas recordações chegam às princesas que o drama aumenta! Somos, incontestavelmente (opinião minha), influenciadas por estes contos! Cremos que o mundo é cor de rosa, e que se algo não vai bem, deve ser porque alguma bruxa ordinária nos jogou alguma praga. Nunca vamos mal por culpa nossa, não é?! Temos ainda o ‘príncipe encantado’, que tanto nos angustia. Nós, as princesas, estamos sempre em busca do cara perfeito, de corpo escultural, voz forte, bem sucedido (príncipe), que venha em um meio de transporte (Cavalo branco não significa um bicicleta, tá?! É só ler nas entrelinhas) para nos salvar da praga da bruxa ordinária! E aqui temos mais um drama! E se o príncipe não aparecer? E se não for ‘príncipe’(como o dos contos)? Dormirei para sempre? E é por isso que nós, as princesas, vivemos em função de encontrar estes príncipes. Caso contrário, dormiremos o sono eterno! Trágico, não?! Mas é o que ensinam os contos! 

O "felizes para sempre" se resume ao ato do casamento! E a vida conjugal? Os contos não nos ensinam! E é graças a isso que as gatas borralheiras se desdobram para estarem princesas, mesmo depois de um dia exaustivo de trabalho, para seus companheiros. Seriam eles felizes para sempre caso o príncipe tivesse visto a pobre Cinderela antes do up grade que sua fada madrinha lhe deu?

Cresci ouvindo e vendo os contos de fadas, mas não fui educada para ser princesa. Não no que diz respeito aos bons modos, não sou uma mestre em etiqueta, mas como diz minha amada mãe, “sei chegar bem e sair bem de qualquer lugar”! Também, desde pequena, aprendi a fazer as tarefas mais delicadas, mas aprendi a lidar com algumas mais pesadas também. Meu pai não teve filho homem, mas isso não foi motivo para que não tivesse o auxílio das filhas quando precisasse. Me diverti e ainda me divirto sendo servente do meu pai metido a pedreiro. Acho que esta reflexão se deve a isto, a este conflito que estas contradições geram em minha cabeça mega agitada. Obviamente que espero encontrar alguém que faça os meus dias e noites ficarem ainda melhores, mas passei a minha vida inteira ouvindo meus pais dizendo: “Estude! A sabedoria é o melhor casamento!”. E isso ficou marcado em mim, a ponto de trocar qualquer relacionamento amoroso por uma dedicação quase que exclusiva à minha formação acadêmica! E sou honesta em dizer que não me arrependo! Senti falta em alguns momentos, mas mantive o foco. Afinal, energia bem canalizada é energia bem aproveitada, não é assim Freud?!

Mas agora que conclui minha formação (sem deixar de me atualizar, claro), como fico? Será hora de buscar o tal príncipe? Ou faço como nos contos, me finjo de morta e espero que ele me encontre? O fato é que os contos têm poder sobre nossa vida adulta (salvo alguns casos), e não nos daremos por satisfeitas até que tenhamos o nosso final feliz.




FIM