Enquanto não nos sentirmos responsáveis pelo caos que se
instalou e cada dia toma proporções ainda maiores, nada mudará! Pois as
pequenas melhoras, conquistadas por poucos, são engolidas por uma tragédia
anunciada. Esta noite ouvi tiros semelhantes aos que ouvi há alguns anos atrás
e que acreditei que não ouviria nunca mais (pelo menos era o meu desejo).
Felizmente os tiros que ouvi hoje não causaram a tragédia que os anteriores
causaram.
Mas me fizeram refletir quanto ao valor de uma vida. Esta semana
vi uma campanha pelo tratamento de saúde de um professor de psicologia. No
material que divulga a campanha uma pergunta: quanto vale uma vida? Em uma
linda utopia, se diria: dinheiro nenhum! Você certamente diria isso sobre um
parente seu, pai, mãe, irmão ou irmã, família! Mas, e pela vida do outro? Quanto
vale a vida do teu vizinho? Do índio? Do negro? Do judeu? Do mendigo? E de
tantas outras vítimas de nosso preconceito BURRO??? Me deem uma explicação
aceitável e coerente que justifique o absurdo de a vida de um mendigo não ter o
mesmo valor que a sua vida!
Adoeço, me aborreço, me incomodo, me indigno e me envergonho
de todas as vezes que banalizamos vidas! Independente de que vida for! Que
sujeito sou eu, que me revolto com um cachorro que apanha de seu dono e dou
gargalhadas de tiros que escuto? E não me venha com o discurso do “rir pra não
chorar”! O meu riso diminui a culpa de quem comete o ato criminoso, pois me
torna cúmplice!
Acredito na bondade das pessoas, digo isso, repito e
dificilmente mudarei minha opinião. A questão é que tudo já se banalizou de tal
maneira que deixa a situação irreversível. E como disse, um ato de bondade, por
mais grandioso que seja, perde visibilidade diante de tanta falta de amor!
Agora mesmo me veio à memória o mandamento que diz: “Ama teu próximo como a ti
mesmo”. Penso que a questão é justamente essa, o amor próprio foi perdido, as
pessoas deixaram de acreditar em si, em seus potenciais. As pessoas estão
deixando de amarem a si mesmas, perderam o respeito a si próprio. Se eu não
tenho amor por mim, como terei pelo outro? Se eu não respeito a minha vida,
certamente não respeitarei a do outro. E engana-se quem pensa que pensar
somente em si é o mesmo que amor próprio! Pensamentos assim, fizeram com que a
lei do aborto de anencéfalos fosse aprovada! Quem é você, que tem a audácia de
achar que aquele ser, mesmo que com chance nenhuma de sobrevivência, tem menos
valor? Ouvi a seguinte justificativa: “mas você precisa ver o sofrimento desta
mãe. A criança, ao nascer, tem o aspecto de um monstro!”. Monstro seria eu ao,
tendo a chance de escolher, decidir pelo fim da vida de quem quer que seja! É
como sentenciar uma pena de morte. E aguardemos, esta será a próxima lei que
banaliza vidas a ser aprovada, neste caos instalado a que assistimos de braços
cruzados (e rindo).
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